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  • Foto do escritorSerginho Neglia

Bolsonaro e seus bajuladores

Àqueles que acompanham a política há algum tempo já conhecem bem como essa coisa funciona. Assim como na iniciativa privada ou em qualquer relação de grupo, a bajulação é uma das mais usadas ferramentas para ser aceito.


Quem não lembra do tempo da escola e do séquito que acompanhava as pessoas mais populares? elas nunca estavam sozinhas, sempre tinham a sua volta vários "seguidores" pessoas que alimentam seu ego apoiando tudo que faz, mesmo que não concordem.

As relações de poder também são assim, da mais básica até as mais complexas. A nobreza sempre teve sua corte, toda pessoa de "poder" tem sua corte, do rei, o popular da escola, ao governante na república. Quanto mais vaidoso é o 'soberano' mais espalhafatosa é sua corte, que precisa mantê-lo satisfeito e feliz.

A bajulação é muito presente no poder, desde as pequenas responsabilidades até as maiores. Acontece em uma empresa, na vida, mas de forma incrível na política. Nos últimos anos, o Brasil foi inundado pela bajulação pública como pouco se viu.

Podemos julgar o tipo de líder por sua corte, já dizia Maquiavel: "a primeira conjetura que se faz da inteligência de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam; quando são capazes e fiéis, sempre se pode reputá-lo sábio, porque soube reconhecê-los competentes e conservá-los. Mas, quando não são assim, sempre se pode fazer mau juízo do príncipe, porque o primeiro erro por ele cometido reside nessa escolha".


Na política existem os bajuladores profissionais, que são fáceis de identificar, pois sempre estão nas principais "bocas” independente de quem esteja no poder, e frequentemente trocam de "soberano". Em uma linguagem mais contemporânea os chamamos 'pragmáticos'.


Parecem que idolatram seu soberano, mas estão apenas cumprindo um papel que no fundo atende a eles próprios, que é de se manter e crescer a partir dos benefícios obtidos a partir da bajulação, em uma relação de troca mutua, onde atendem os interesses egóicos do detentor do poder e por ele são recompensados.


Oferecem seus serviços a quem deles necessita, e em troca suprem suas próprias necessidades, sejam econômicas ou emocionais. Outra lição de Maquiavel ao Príncipe: "o príncipe, para conservá-lo bom ministro, deve pensar nele, honrando-o, fazendo-o rico, obrigando-se-lhe, fazendo-o participar das honrarias e cargos, a fim de que veja que não pode ficar sem sua proteção, e que as muitas honras não o façam desejar mais honras, as muitas riquezas não o façam desejar maiores riquezas e os muitos cargos o façam temer as mudanças."


Quando olho o perfil das pessoas que rodeiam Bolsonaro vejo velhos conhecidos, gente que antes era esquerda de carteirinha, que já foi tucano desde criancinha ou que achacam o caçador de marajás do Alagoas a oitava maravilha do mundo. Pessoas que sempre estiveram ali.


Mas além das pessoas que sempre estiveram ali, o atual mandatário inaugurou uma nova forma de selecionar sua corte, que foi a bajulação pelas redes sociais. Muito provavelmente orientado por seu filho 03, responsável pelo monitoramento das redes, o atual mandatário promoveu a cargos importantes da nação pessoas selecionados a partir de sua “militância” nas redes sociais.


Em um gesto inédito, promoveu pessoas como Mário Frias, com quem não tinha nenhuma relação, apenas por ser uma voz dissonante da classe artística, atuando na defesa pública do seu governo. Inclusive, ocupantes de funções públicas, com pouca capacidade técnica e mesmo após cometerem erros primários e gafes, se mantiveram nos postos por sua atuação na bajulação pública via redes sociais, vide Weintraub’s, Frias, Pazzuelo, Sergio Camargo e Cia.


Após percorrido mais de um terço do mandato de Bolsonaro, pudemos ver, como eu nunca tinha visto, um presidente totalmente ególatra, que foi capaz de demitir pessoas com quem mantinha relação de amizade há décadas, por discordarem de suas ideias e posturas, enquanto promovia pessoas com duvidosa capacitação apenas por exercerem o papel de bajuladores.


Pobre é o país cuja estrutura pública é dominada por uma corte de bajuladores, capaz de defender a maior das atrocidades apenas para agradar seu “soberano”.




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